sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O que mudei com os pequenos #4

Na sequência das mudanças cá por casa, na linguagem e atitude com os miúdos, aqui fica mais um relato de um exemplo real

Exemplo 4:
É natural que os miúdos tenham tendência para os perigos... eles não têm a consciência dos mesmos, nós é que com o conhecimento que já temos lhes incutimos o medo de fazer as coisas. Chegando até ao extremo....
Não faças assim porque
Não faças assim porque te cortas
Não corras tão depressa porque xxxxxxx
Não isto não aquilo

Ora o que estamos a fazer com isto? retirar a Curiosidade dos nossos filhos sobre as coisas
Ao evitarmos que eles façam todas as coisas que crianças fazem... e ainda por cima lhes damos um telemóvel para as mãos para verem cenas no youtube (ah o meu filho é tão pequeno e tão esperto... já faz scroll tão bem no tablet, parece que sabe tudo) 
... mais tarde queixamos-nos que estão apáticos pela vida que não fazem nada se não estar no telemóvel ou no quarto no computador... sério???? quem criou isso? os pais!



Na escola não podem correr porque fazem muito barulho
Na sala de aula não podem falar, não podem rir, não podem rir alto, não podem falar com os colegas não podem fazer rigorosamente nada!

Quanto mais colocamos os nossos filhos em atividades... cada uma dessas atividades têm regras e regras e regras

Qual é o espaço que damos aos nossos filhos para serem eles?
Conhecemos bem os nossos filhos?

Será que conhecemos mesmo? Ou continuamos a fazer das crianças marionetas a mandar fazer aquilo que nós achamos que é correcto?
Deixamos espaço para eles serem Criativos? Onde em que hora do dia? como fazem?

No outro dia, passou-se um episodio simples e que eu caí na esparrela e voltei a falhar no teste...
O D tinha ído à banho, e naquele dia tinhamos dado boleia a uma amiguinha,.. ora em casa não tenhos chaves nas portas para que não se tranquem... e o que é que ele se lembrou... do lado de dentro colocar imensas coisas atrás da porta para que "caso a amiguinha fosse à casa de banho não entrar"

Eu não sabia nada disto, achei a demora muita e faço para entrar, como nunca tinha acontecido... eu faço a força habitual para abrir a porta,a  porta não abriu e eu bati com a cabeça na porta. Ora... ainda me magoei... qual foi a minha reação?

Eu aumentei o som (porque me tinha magoado... e perguntava: o que é que se passa aqui??? ele muito de olhos esbugalhados a olhar para mim lá respondeu era só para a B. não entrar... e eu como ainda estava danada continuava no mesmo tom... vê lá se era necessario isto a mae ainda se aleijou bla bla bla...

enfim... virei de costas e senti-me super mal... 
1º o miudo a querer alguma privacidade e eu chego entro ralho e venho embora a ralhar
2º olhei para o aparato e aquilo ate estava engraçado e bem montado
3º o miudo teve uma atitude criativa e eu estava a critica-lo!

Deixei-o sair... e chamei-o. E pedi desculpa. Expliquei que não sabia que ele estava lá dentro... que me tinha magoado e que lhe tinha levantado a voz porque estava a sentir dor e raiva. Que não tinha compreendido o lado dele, que não me tinha colocado no lugar dele mas que depois percebi e que por isso lhe estava a pedir desculpa.
Depois elogiei a criatividade dele na forma como tentou impedir que a porta se abrisse facilmente, e também alertei que apesar de ter sido criativo, a situação tinha envolvido um pouco de perigo porque eu tinha me magoado e se fosse a mana a abrir a porta se podia magoar ainda mais.

Ao que ele me respondeu: mas se eu estava na casa de banho nem tu nem a mana tinham nada que entrar, tinham que respeitar o meu espaço.

E estava errado?? Não!

Eu dei-lhe espaço para falar e ouvi a opinião dele. e no final era ele que tinha razão.

Esta atitude minha impactou nele:
- Fogo eu não faço nada bem
- A minha mãe esta sempre a ralhar comigo
- Ninguém confia em mim
- Eu não sou bom o suficiente
- Para a próxima não faço nada (e depois vira apático)
- Ninguem gosta de mim

Para mim foi um momento que acabou por impactar muito em mim.

Consegui confirmar que estava muito atenta à minha forma de estar como pessoa, como mãe, como ser humano e apesar de me ter sentido mal por numa atitude estar a "matar mais um pouco da criatividade do meu filho" acabei por me sentir confortável com a minha atiude depois, tentando minimizar o impacto negativo na sua personalidade.

pode parecer uma pequena coisa mas eu sinto que foi um grande momento para ambos. Ele sentiu que eu também percebi o lado dele e que afinal ele é importante para mim.

Gratidão
Alex


4 comentários:

  1. Isto fez-me lembrar de quando era uma pirralha e por algum motivo tinha de ir para a casa da minha avó que não me deixava fazer nada. Para ela tinha que passar o dia todo sentada à frente da televisão. Eu era uma criança muito ativa e sempre que ia para a casa dela ficava frustrada, porque nem pela casa podia andar sozinha porque me podia magoar. O que isto gerou, foi que eu nunca queria ir passar ir para a casa da minha avó, não queria passar tempo com ela e ainda dizia que não gostava dela. Mesmo que não fosse um sentimento completamente verdadeiro, causou um impacto negativo. É realmente assustador querermos o melhor para os nossos rebentos mas ao mesmo tempo estarmos a prejudica-los com o nosso excesso de zelo.

    Beijinhos

    😘

    https://entrechavenasdecha.blogspot.pt/

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    1. Muito obrigada pela tua partilha! É um excelente exemplo e em 1ª pessoa.

      Gratidão <3
      Alex
      Um beijinho

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  2. Gostei muito deste texto. Eu ando a tentar ser mais positiva com as minhas filhas, muito por influência do reiki, que tem sido uma coisa muito boa na minha vida.

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    1. Todas as atividades que nos remetem ao momento presente são fantasticos impulsionadores à nossa calma interior. Quando andamos mais centradas connosco mesmas, conseguimos ser mais pacientes com os outros.

      Eu tenho adoptado muito a táctica de os observar... antes de disparatar, mesmo quando estão a fazer asneiras... :))) e chego sempre à mesma conclusão: que gratidão ter tido a oportunidade de ser mãe <3
      agora... vou ser sincera, ainda não consigo ser assim 100% das vezes... muitas delas ainda me escapa um aumento de voz ou o impedimento de fazerem algo que aos olhos deles não tem qualquer maldade e aos meus com todos os perigos que tentamos evitar... evitamos que eles façam... limitando os a conhecer os seus próprios limites...
      mas o mais importante é ter consciência de que "estou no caminho certo"

      Alex

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